quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Capitulo 03 - A Caixa

Marquinho tinha 14 anos quando começou a sair de casa sozinho. Seu fiel amigo Lukita, estava sempre na sua compania. Lukita sempre foi mais atirado, sempre foi mais solto, criado na rua mesmo pode-se dizer. Mas a história de Marquinhos Balla, começa aos seus 17 anos, em um dia em que haveria uma festa em comemoração do aniversario de Caxií, onde ele morava. Nesse dia Lukita chegou à sua casa com uma caixa debaixo do braço.
- E aê Marquinho!
- Fala Lukita!
- Vamô ali comigo, nego véi?
- Aonde lek?
- Na rua do Macaco.
- Pô véi, lá é meio perigoso cara!
- Que... Nada a ver, véi! Nós mora aqui pô, tranquilo! Tá comigo também! (rs)
- Aí é que eu tô ferrado! (rs) Mas fazer o que lá mesmo?
- Entregar essa caixa aqui...
- Que caixa é essa?
- Sei não. O Marcão que pediu pra mim entregar pra um tal de Geidson que vai tá lá esperando a gente.
- Cara, tú pega uma parada, que num sabe o que é, e vai entregar pra um cara que tú também num cinhece? tú tá maluco!
- Você vai comigo, né?
- Pô lek, sei disso não!
- Qual foi Markim? Nada a ver isso! Vamô lá comigo...
- Já é então, mas acho que isso vai dar merda!
- Pára véi! Vamô logo...
Eles foram em direção a rua do macaco, que na verdade não era o nome da rua, macaco era um amigo deles, mas a rua era realmente num lugar barra pesada. Marquinhos e Lukita, moravam num lugar onde era mais tranquilo, mais há menos de dois quilometros dali existia uma favelinha, um tanto que perigosa.
Os dois não conheciam esse Geidson, mas ele era o gerente da favelinha, e eles se surpreenderiam com aquela caixa.

A caixa era um pouco maior que uma de sapatos. E ao chegar lá um cara estranho estava na esquina, com um boné, camisa larga, bermuda, uma sandalia kenner, e um cordão dourado que reluzia a luz do sol. Ele tinha um cavanhaque e uma cicatriz na altura do nariz. Viu os meninos com a caixa e perguntou se era pro Geidson. Lukita proiontamente respondeu:
- Depende. Quem é você?
- Sou o Geidson.
- Só porque vc diz?
- Como assim?
- Prova aí mano!
- Tá maluco muleque?
- Maluco é você! Se não provar eu num entrego, volto com ela pro Marcão!
Geidson sorriu, e puxando a carteira do bolso disse:
- Gostei de você muleque! No começo pensei em te dar uns tiros, mas gostei dessa atitude. Você provou que é competente!
Pegou a identidade e mostrou.
- Satisfeito agora?
- Agora sim!
Lukita entregou a caixa e disse:
- Marcão falou que você tinha um negocio pra gente!
- Ah tá! Vem Comigo!
Eles seguiram o Geidson por umas duas ruas, e nesse trageto o Marquinho estava assustado, branco igual a quem vê um fantasma!
- Eu falei que ia dar merda!
- Até agora nada de merda. Você é muito medroso cara! E caiu na risada.

Chegaram numa casa branca com janelas de aluminio, nada normal pra uma favela de barracos. Geidson madou-os entrar e sentarem noi sofá. Ele sentou numa poltrona e abriu a caixa. Marquinho não pode deixar de demonstrar seu espanto ao ver que havia duas pistolas e muita droga dentro da caixa que ele estava carregando. Lembrou que antes de entrar na favela, passou por eles uma viatura de policia que olhou para eles, e pensou consigo no que haveria acontecido se eles resolvem parar eles e dar uma "dura"?
- Que isso? Perguntou Lukita.
- Conferindo a entrega parceiro! Respondeu Geidson.
Entrou em um comodo e veio com R$40,00 e deu na mão De Lukita.
- Só porque gostei do seu trabalho. Se quizer pode vir mais vezes!
- Já é!
Sairam da casa e o Marquinhos estava calado. Lukita todo empolgado, falando pra caramba, feliz da vida com o dinheiro, pegou R$20,00 e deu na mão do Marquinhos que parou e disse:
- Nunca mais cara! Nunca mais me chama pra isso!
- Que isso véi, nada a ver! olha o dinheiro aqui, foi tranquilão!
- Mas podia ter acontecido alguma coisa! Você viu o que tinha na caixa?!
- Vi sim! Poderia mas não deu nada errado! Tamô aqui, tamô vivo, feliz e com dinheiro!
- Cara, a gente podia ter sido preso, ter morrido! Aquele cara podia ter matado a gente!
- A gente podia ter sido atropelado, ter sofrido uma AVC, um derrame, poderia ter chovido e caído um raio em cima de nós, mas nada disso aconteceu! Agora pega o teu dinheiro, que a gente pode curtir na festa agora!
Marquinho parecendo convencido, pegou calado o dinheiro e continuou andando!

Capitulo 02 - O Começo

Marcos Souza Filho. Esse foi o nome que seus pais lhe deram. Marquinhos Balla, esse foi o nome que a vida lhe deu. O mais engraçado de tudo isso, é que ninguém esperava isso acontecer. Ninguém imaginaria que o pobre Marquinhos, menino magro ao ponto de ser chamado de raquítico, um dia se tornaria no terror de sua cidade. A única pessoa que sabia dos seus rolos era o Lukita. Lukita era o melhor amigo de Marquinhos, seu nome verdadeiro era Lucas Santos de Araújo, mas desde pequeno chamavam-o de Lukita. Lukita era um tipo de cara que levava a vida na brincadeira o tempo todo, mas era frio e calculista. Quando garoto vivia dizendo que um dia iria roubar um banco pra ficar rico, igual àqueles filmes americanos. Mas apesar de tudo isso, era um cara sorridente e conseguiu o status de melhor amigo de Marquinhos.
Outra figura importante na vida de Marquinhos, era a linda Patrícia, a Patty. Mas isso fica pra outro capitulo. Por enquanto vamos nos concentrar apenas nesses dois personagens: Marquinhos e Lukita. Lukita, era do tipo de pessoa que não tinha medo de nada. Não que não tivesse medo, mas não tinha medo de coisas cotidianas. É daquele tipo de pessoa que nunca acha que algo de ruim vai acontecer, que a casa nunca vai cair, que sempre vai sair ganhando. É desse medo que eu tô falando. Por outro lado, Marquinhos era mais reprimido, mais cauteloso, sempre com um pé atrás, sempre esperando o pior. Mas isso ficou na infância, porque a vida adulta de Marquinhos, quando ele era o Marquinhos Balla, ele era mais ousado, mais audacioso... A vida não era lá muito generosa com Marquinhos. Ele era de uma familia pobre, humilde, mas tinha pais trabalhadores, que lhe ensinaram certos valores na vida.

Capitulo 01 - O Fim!

Eram 09:47 da manhã. Estava cansado, sem camisa e suado. Tinha acabado de sentar na calçada pra ver se descansava um pouco do serviço que começou a fazer às oito horas. Estava lixando o carango pra dar uma pintura nova. Não que precisasse fazer isso, mas como era uma coisa que gostava de fazer e Dondão, o mecânico era seu amigo, resolveu fazer naquele dia, apenas para esfriar a cabeça de tantos problemas. Foi tudo muito rápido. Bebeu um pouco da água mineral na boca da garrafa mesmo, sentou na calçada e levantou a cabeça como quem relaxa e agradece a Deus pelo sol que fazia naquela manhã.
Derramou o restante da água na cabeça. Esperava a água escorrer por seus cabelos, quando escutou o primeiro tiro. A bala passou zunindo na sua frente e espatifou-se na lataria do carro que estava do seu lado. Olhou assustado para a direita e viu um homem de calça jeans e jaqueta de motoqueiro que usava um boné que lhe escondia o rosto. Automaticamente meteu a mão na cintura e se deu conta de que sua arma, uma 45 automática cromada, estava na oficina do Dondão e lá também estava dentro do seu carro, sua espingarda calibre 12 com munição a balde, mas tudo estava a uns 10 metros de distancia, enquanto o homem que disparava contra ele estava a uns 4 metros. Viu ali que o seu fim estava perto de chegar e nada podia fazer pra evitar.
Griteou por Dondão: Dondão! Pega minha arma aí! Ouviu mais um disparo. Desta vez raspou no seu braço. Pensou em correr e pular algum muro. Quando correu, ouviu outro tiro, sentiu a carne da perna queimar, e sem forças caiu. Levantou de novo, tentou correr mancando, mais três tiros que pegaram nas costas. Não resistiu e foi ao chão. Enquanto agonizava no chão, várias coisas se passaram em sua cabeça. Pensou no seu filho, pensou na Luanda, na sua mãe. Pensou nas coisas que não disse a todos os seus amigos, das coisas que não fez, principalmente nas coisas que fez. Se sentiu um monstro por tudo o que fez, pois estava achando que o cara que estava fazendo isso comigo era um monstro. Será que ele não pensa no meu filho, na minha família, nos meus amigos? - pensava ele- Nessa hora lembrou que também já fez muito isso...
Os pensamentos enchiam sua mente. Cada segundo, cada instante era como uma eternidade. Passavam-se tantas coisas em sua mente. O que iria acontecer com ele ali, naquele chão frio, sujo e duro. De que adiantou tanta coragem, tanta destreza, tanta matança se nada podia fazer ali, deitado esperando a morte chegar por um cano de uma pistola 380? De repente se aproximou o homem que efetuava os disparos. Um homem de pele morena, se agachou do seu lado e lhe disse:
- Cadê sua valentia agora, marrento? Cadê aquela marra toda e aquele ar de ganância? Cadê aquela soberba? Espero que você saiba porquê estou fazendo isso...
Antes mesmo de terminar de falar, puxou seu cabelo e deu mais 4 tiros na sua cara e soltou sua cabeça: Foi de cara no chão! Mais 2 tiros em sua cabeça.
Assim terminou a sua historia, mas como todo fim tem um começo, agora vocês vão ver
como tudo começou. Essa é a história de Marquinhos Balla...